quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Roteiro da Semana - Tailândia

Em 2008, eu realizei um sonho de adolescência e passei oito meses na Austrália (vão rolar posts sobre o assunto). O pretexto foi o de sempre: estudar, aprimorar o inglês, trabalhar. Mas o que eu queria mesmo era aproveitar que eu já tava do outro lado do mundo e viajar por aquelas bandas. 

A Tailândia foi um dos destinos que eu tinha certeza de que iria visitar. Eu não consigo me lembrar quando foi que surgiu a vontade de conhecer o país, mas com certeza o filme A Praia (1999) e o tsunami de 2004 afloraram essa vontade - a onda gigante logicamente não me animou, só que por mais catastrófica que tenha sido ela atraiu os olhos pra região, revelando os muitos pontos positivos do lugar. E, apesar (e por causa) da tragédia, o turismo na Tailândia não pára de crescer. 

Eu não pretendia fazer esse post, mas fiz a pedido da minha amiga Diana (a mesma do post da Jamaica), porque ela vai passar o reveillón lá. É que como fiz a viagem há mais de seis anos as dicas podem estar super desatualizadas, e eu só consegui lembrar das coisas porque eu tenho a doente mania de "manter uma agenda" desde que aprendi a escrever - e porque eu uso a mesma conta de email há séculos. Mas eu pesquisei bastante no Google para tentar entender o quão válido o roteiro ainda é, façam o mesmo. E preparem-se para o maior post das suas vidas ;)

"Banguecoque" e o mapa superficial da Tailândia.

COMO CHEGAR
Vou dever informações mais concretas sobre voos, mas posso afirmar o seguinte: é BEM caro, provavelmente mais caro do que todos os outros custos somados (chutaria que custa uns R$5 mil ida e volta). E por se tratar de um destino incomum, com menos opções de voos, não vale a pena ser mesquinho: é muito mais seguro e cômodo fechar a passagem com uma agência de viagens (com direito a parcelamento) do que num site comparador de preços qualquer. Porque em caso de problemas como voo atrasado ou cancelado, é mais fácil recorrer a uma pessoa de carne e osso do que à internet (na minha humilde e ultrapassada opinião). Sendo assim, pesquise em pelo menos três agências de sua confiança e tente negociar os preços.

Obs: Pra quem já tá do outro lado do mundo, indico a Air Asia (http://www.airasia.com/), uma low cost muito popular no Oriente. Mas não é barato ir pra Tailândia seja de onde for: há seis anos, numa promoção, eu paguei 800 dólares australianos (cerca de R$900) pra fazer Gold Coast - Kuala Lumpur (Malásia) - Gold Coast. Ou seja: ainda tive que pegar uma carona de carro até Gold Coast (eu morava em Brisbane) e depois comprar voos de ida e volta pra Kuala Lumpur. 

Kuala Lumpur: o aeroporto da capital malaia é um hub para a Ásia inteira.

ROTEIRO
Aí que o bicho pega...Decidir os destinos na Tailândia é tarefa árdua, porque é um mais bonito do que o outro. Além disso, quase ninguém sai do Brasil pra conhecer apenas a Tailândia e acaba dividindo o tempo de viagem com outros países da região, como Laos, Camboja e Vietnã. Ou seja: tirando intercambistas ou mochileiros, quase ninguém passa mais do que dez dias lá - e em dez dias dá pra ver muita coisa, mas dá pra deixar de ver MUITA coisa também. Pra não surtar, eu aconselho a montar o roteiro em função de alguma data específica: eu montei o meu em função da Full Moon Party (que só acontece uma vez por mês na ilha de Koh Phangan), mas pode ser a data que você precisa estar de volta ao Brasil, a data de alguma passagem mais em conta, a data de alguma cerimônia importante budista (religião de 85% dos tailandeses), etc.

Como uma boa intercambista, saí da Austrália com uma micro mala para passar 17 dias na Tailândia e uma semana em Bali (taí outro post que eu preciso fazer), nem sapato fechado eu levei (não faça isso, leve um tênis!). Vou descrever o meu roteiro exatamente como foi e, ao longo dele, vou sinalizar o que eu considero imperdível, o que eu deixaria de lado e o que ficou faltando fazer. Sim, em 17 dias não dá pra fazer tudo, ainda mais com o budget apertado.

Obs: Koh (ou Ko) em tailandês significa "ilha", esse termo vai aparecer muitas vezes aqui. Então, sei que é redundante falar, por exemplo, ilha de Koh Phangan, porque na verdade significa ilha de Ilha de Phangan. Mas dane-se, fica mais bonitinho falar o Koh junto com ilha.
    
DIAS 1 e 2 (Kuala Lumpur e Phuket)
Economizar nas passagens tem disso: perder mais de um dia de viagem em função de deslocamentos. No dia 1, fizemos Brisbane - Gold Coast - Kuala Lumpur, onde chegamos no começo da noite. O máximo que conseguimos fazer foi jantar e visitar o shopping que fica dentro das Petrona Towers (aquelas torres gigantes do filme Armadilha), nem subir nelas subimos. A emoção do dia ficou por conta da nossa hospedagem: uma espelunca que chamam de guesthouse num beco muito duvidoso da cidade. Eu não tenho (quase) nada contra guesthouses, são opções BEM mais baratas até mesmo do que albergue e eu me hospedei em várias na Malásia, Tailândia, Nova Zelândia e África do Sul, mas tem que pesquisar direitinho e se preparar psicologicamente caso você reserve um lugar que parece uma caçamba de lixo ou cena de filme de terror.

Obs: Um dia, tomara, eu ainda volto pra Malásia. Fiquei louca pra conhecer o litoral, que dizem ser lindíssimo e um dos melhores lugares pra mergulho do mundo. E, assim como a Tailândia, é um país cheio de contrastes: tradição vs. modernidade, pobreza vs. luxo, caos vs. rigor. Lá, eu já pude sentir a "pressão" de ser uma mulher ocidental entre milhares de mulçumanas em países úmidos onde a sensação térmica beira os 45 graus. Essa frase vai fazer mais sentido daqui a pouco... 

No dia 2, fomos pro aeroporto de busão e monorail e voamos pra Phuket, na Tailândia, com a Jetstar (http://www.jetstar.com/) - mais uma low fare, claro. Chegamos no final da tarde e só deu tempo de dar um rolé rápido, mas foi o suficiente pra me chocar (negativamente): além de mais uma vez a guesthouse ser bem esquisita, o centro da ilha parece feito pra turista tarado, entendam como quiserem rs Por outro lado, foi lá que tive o primeiro contato com o que viria a se tornar uma das maiores paixões da minha vida: o pad thai, vulgo macarrão tailandês cheio de camarão, amendoim e broto de feijão <3. E o melhor de tudo: o prato custa uns 60 baht (a moeda de lá), que equivale a três dólares americanos, ou R$6,50!!! Bem, pelo menos na minha época era barato assim.  

Obs: Choque inicial à parte, Phuket tem um litoral lindo e uma atração que eu me arrependo de não ter conhecido: a James Bond Island, onde foram filmadas cenas do 007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro (esse post tá cheio de referências cinematográficas). Resumindo: você fecha um pacote que inclui barco de ida e volta pra ilha e chegando lá pode fazer passeios de canoa ou caiaque pra conhecer as cavernas e se aproximar das rochas. Mais infos aqui: 
http://www.phuketthailandtrip.com/Day-Trips-Phang-Nga-Bay-James-Bond-Island-Seacave-Canoeing-Tours.html  

Cara de dopada após uma típica thai massage (sem happy ending!)
James Bond Island: viu por que eu me arrependi de não ter ido?

DIA 3 (Full Moon Party @Koh Phangan)
Nesse dia, 19/07/2008, eu me pós-graduei em Fanfarronice Social (a graduação foi em 2006, no meu Work Experience na Califórnia, o mestrado foi em Cancun e o doutorado foi na Croácia, ambos em 2013). O diploma foi obtido na mítica Full Moon Party e a prova final foi a maratona pra chegar na ilha de Koh Phangan, na costa leste da Tailândia. 

Brincadeiras à parte, eu não sei se tenho mais idade pras missões que eu enfrentei na Tailândia, mas a desse dia em questão foi a seguinte: saímos super cedo de Phuket com destino a Surat Thani num busão que parecia ter sido decorado com a ajuda do Falcão e da Gaby Amarantos, foram umas 4 horas de viagem. Chegando lá, pegamos um barco com destino a ilha de Koh Samui (lá se foram mais 3 horas) e de lá mais um barco para Koh Phangan (mais umas 3 horas também). Pra finalizar, um taxizinho esperto do porto até a praia de Haad Rin, onde acontece a festa. 

Sei que, não satisfeitos com a Olimpíada do Faustão que foi pra chegar, cometemos a burrice de não reservar hospedagem. Na verdade, até tentamos fazer isso da Austrália, mas por causa da Full Moon Party TODOS (eu disse TODOS) os hotéis, pousadas, muquifos etc já estavam lotados. A nossa sorte foi que num dos barcos nós conhecemos dois irmãos gaúchos e a garota era super despachada, então ela conseguiu convencer os recepcionistas de um resort à beira-mar a nos deixar dormir uma noite no spa (acabou que dormimos duas noites, com direito a café da manhã e metade do valor da hospedagem normal). O resort era esse aqui, e sinceramente acho que nem é tão caro assim se hospedar num quarto de verdade em vez de numa sala de massagem: http://bestwesternphanganburi.com/   

Um dos muitos Brega Bus que circulam pela Tailândia (esse até que tá bem conservado).
Essa é a piscina do resort que literalmente nos acolheu na noite da Full Moon. 

Banho pra que, né? Biquini+short+camiseta e vambora ser feliz! Já era quase noite, a ilha já estava o fervo, então fomos correndo encontrar uns amigos que estavam hospedados numa pousada pertinho da festa (que acontece ao mesmo tempo na praia e em vários hotéis, mas acho que tem que pagar pra entrar neles). E a partir daí eu prefiro não entrar em detalhes, até porque eu nem lembro. Só sei que todo mundo que curte uma farra deveria, pelo menos uma vez na vida, curtir uma Full Moon Party em Koh Phangan.

Importante
1) Na Full Moon Party não bebe-se em copo, bebe-se em balde. 

2) O Red Bull na Tailândia (terra natal da bebida antes de ela "se naturalizar" austríaca) é vendido num vidrinho tipo xarope e leva anfetamina. Eu ainda não consegui achar nenhuma prova oficial disso, mas o meu corpo garante que sim.  

3) A chance de você perder o seu chinelo durante a Full Moon é gigante, e se você perdê-lo você vai cortar o pé com os cacos de vidro na areia. Uma onda levou o meu chinelo e uma gringa imediatamente o pegou, mas eu lutei por ele. E venci.  

4) É muito comum o aluguel de motos e quadriciclos nas ilhas tailandesas. Pelo seu bem e dos outros, só alugue um se você tiver o mínimo de noção automobilística - e sóbrio(a). 

Vodka ou whisky, tanto faz: o que não pode faltar no baldinho é o Red Bull.
A Full Moon Party original é a que é realizada em Koh Phangan.

DIAS 4 e 5 (Koh Phangan)
Em termos de exuberância, achei Koh Phangan a ilha menos interessante, só entrou no roteiro por causa da Full Moon. Mas tenho lembranças ótimas: do jet ski que alugamos em Haad Rin, do rolé de jipe pela ilha, do snorkel em Koh Ma (uma ilha pequenininha ligada a Koh Phangan por uma faixa de areia), da hospedagem no resort por metade do preço e claro: dos meus amados pad thais (comi no mínimo um por dia). Na última noite, tivemos que sair do resort e fomos para a pousada Yoghurt, simples e gostosa como o nome brega sugere (http://www.booking.com/hotel/th/yoghurt-home3.html). E nessa mesma noite, cometi um erro que ia me custar um dia inteiro de viagem.

DIAS 6 e 7 (Koh Tao)
Mais uma ilha, mais um barco. Só que dessa vez, achei que eu fosse morrer, e não teve nada a ver com tempestade ou qualquer coisa assim. Acontece que, na noite interior, eu passei mais de 6 horas comendo num restaurante mexicano - isso mesmo, mais de 6 horas SEM PARAR comendo tacos, burritos, nachos etc. É que, além da comida na Tailândia ser praticamente de graça, na maioria dos restaurantes das ilhas eles instalam telões que passam filmes (piratas, diga-se de passagem) a noite inteira. Comida + filme = amor.

Voltando ao barco: eu já entrei passando mal, fui direto para o banheiro e de lá não saí durante as duas horas de viagem, vomitando sem parar. Quando chegamos em Koh Tao, eu parecia a menina de O Exorcista e o meu ex-namorado e um amigo nosso foram arrumar um transporte pro hotel (http://www.tripadvisor.com.br/Hotel_Review-g303910-d1540896-Reviews-Big_Fish_Resort-Ko_Tao_Surat_Thani_Province.html). Nessa que eles me deixaram sozinha, um anjo (que podia ter sido um demônio) se aproximou cheio de sotaque britânico dizendo que era médico, que me viu passando mal na viagem e me ofereceu um remédio. Em circunstâncias normais, eu jamais teria aceitado nada de um estranho, mas eu não podia ficar pior do que eu já tava e mandei ver no comprimido. Assim como o inglês veio, ele foi, e só sei que apaguei durante horas (até na areia da praia, porque quando chegamos no hotel os quartos ainda não estavam arrumados). Quando acordei já à noite, foi como se nada tivesse acontecido, eu tava ótima. E comi pad thai.  

Pra completar a falta de sorte em Koh Tao (que é deslumbrante, pena eu não ter aproveitado nada): o meu ex capotou de quadriciclo e perdemos o segundo e último dia em função de tratar do ombro dele (com uma curandeira!) e negociar o prejuízo do quadriciclo (não lembro quanto custou, mas foram algumas centenas de dólares). À noite, passei por mais uma experiência inesquecível: uma viagem de oito horas de volta à Surat Thani num barquinho de madeira, com dezenas de esteiras espalhadas pelo chão pra galera poder dormir. É amigo, viagem de estudante é assim. 

Chegada em Koh Tao: a bela ilha foi cenário de muitos dos meus causos.
Night boat: uma nova forma de viajar.

DIA 8 (KOH PHI PHI)
Chegamos de madrugada em Surat Thani, onde uma van nos aguardava para nos levar pra ilha de Krabi (fazia parte do pacote que fechamos para chegar em Phi Phi). Mas não era uma van qualquer: era a Van da Morte. O motorista não falava xongas de inglês (como a maioria lá) e piscou de sono a viagem inteira! Eu sei, porque fui no banco da frente junto com uma holandesa e vi todas as vezes que ele fechou o olho e perdeu o controle da van, deixando ela ir pra pista da contramão - nenhum passageiro viu, porque tava todo mundo dormindo. Depois de sei lá quantas vezes que ele fez isso, eu acordei a holandesa e pedi pra ela ir conversando aos berros comigo, pra distrair ele. Devo a minha vida a ela (os outros nove passageiros também). 

Chegamos em Krabi de dia e, pela primeira vez, senti na pele a famosa monção que dá a cara na Tailândia nos meses de Junho a Outubro - ou melhor, senti na pele o dilúvio que ela trouxe. Pegamos um barco debaixo de MUITA chuva em direção ao centro de Phi Phi e, de lá, um taxi boat para o nosso hotel em Long Beach (http://www.tripadvisor.com.br/Hotel_Review-g303908-d1312449-Reviews-Phi_Phi_Paradise_Pearl_Resort-Ko_Phi_Phi_Don_Krabi_Province.html). Taí outra coisa que eu faria diferente: apesar do resort ser bem bom e de termos conseguido desconto por reservar sete noites, eu não me hospedaria de novo em Long Beach. A boa é ficar pelo centro de Phi Phi mesmo, onde tem um agito e diversas opções de restaurantes.

DIAS 9 A 14 (KOH PHI PHI)    
Phi Phi foi uma das ilhas mais afetadas pelo tsunami (inclusive a história do filme O Impossível acontece nela) e quando estive lá ela ainda não tinha se recuperado completamente. Apesar disso e por causa disso (desastres naturais mexem muito comigo), foi um dos lugares mais marcantes e bonitos onde já estive. Mas se eu pudesse, eu mudaria mais uma coisa no roteiro: em vez de sete dias lá, eu ficaria apenas três e distribuiria os outros dias por Koh Tao e Bangkok. 

Dicas pra três dias em Phi Phi: fazer um passeio de barco que inclui as principais atrações (Maya Bay, Bamboo Island, etc), fazer a trilha até o Viewpoint (de lá se tem uma visão maravilhosa da ilha), nadar com snorkel e pé de pato até o shark point em Long Beach (como o nome diz, lá é cheio de tubarãozinho, então se você tem medo como eu fica esperto porque o negócio assusta), pegar uma praiana "no canto direito" da ilha, comer muito pad thai. Se der tempo, aluga um barquinho de madeira daqueles super tradicionais (com marinheiro, claro) pra ir de novo até as atrações que você gostou mais (porque os barcos grandes acabam parando afastados dos picos).  

Parte central de Koh Phi Phi, vista do Viewpoint (trilha fácil, fácil).
Maya Bay (ou A Praia) vista do barco em mar aberto.
Maya Bay vista de Long Beach, em Phi Phi.
As placas sinalizadoras estão por toda parte, especialmente em Phi Phi.

DIAS 15 A 17 (BANGKOK E KANCHANABURI) 
Perdemos um dia na missão Phi Phi - Phuket (de barco) e Phuket - Bangkok (de avião, Jetstar outra vez). Quando chegamos em Bangkok já era noite, mas foi o suficiente pra me deixar LOUCA de vontade de voltar lá, mais até do que pras ilhas. Principalmente porque passamos pelo Golden Temple (Wat Traimit) e ele já tava fechado, dá um Google pra você entender a minha frustração.   

A essa altura da viagem eu já estava exausta, com a pele esturricada e o corpo em ebulição, quase pedindo arrego rs. Então, tudo o que eu queria era um pad thai, um banho demorado e uma longa noite de sono. Mas claro que alegria de pobre dura pouco e o que me esperava era um pacote de biscoito e a guesthouse mais assustadora que já vi. Sabe aquela cena no comecinho de A Praia, quando o Patolino se mata numa guesthouse? Então, tenho certeza de que foi no meu quarto.

Golden Temple visto de fora: esse ficou pra próxima visita a Bangkok.
Parede até o teto na guesthouse pra que, né? Basculante neles!

Exageros à parte, deu pra descansar - um pouco, porque a programação do nosso 16o dia começou na madruga mesmo. É que meu ex leu em algum lugar sobre um tal templo onde os monges encantavam tigres, e esse templo fica na cidade de Kanchanaburi (cerca de 2 horas de ônibus de Bangkok). Não lembro porque saímos de madrugada, acho que é porque o templo abre e fecha muito cedo, mas o que mais me marcou nesse passeio não foram os tigres dopados encantados.

Lembra quando eu falei sobre a pressão de ser uma mulher ocidental entre milhares de mulçumanas em países úmidos onde a sensação térmica beira os 45 graus? Então, eis o drama em Kanchanaburi: mal pisei na cidade, devia ser umas 6h da matina, e fazia mais de 30 graus. E eu, como uma boa turista sem noção passeando pelo interior conservador de um país, vestia um mini short e uma regatinha. Em dois minutos, fui devorada com os olhos, chamada de piranha e obrigada a comprar uma calça de ginástica e uma blusa com manga - não precisava de tanto, mas lá na rodoviária mesmo eu descobri que pra entrar nos templos as mulheres precisam estar "cobertas".

Passado o susto, e apesar de eu não curtir essas atrações que envolvem "domesticação" de animais selvagens (por isso nem fui atrás desses passeios no lombo de elefante), até que o dia em Kanchanaburi foi interessante. Além do templo, a principal atração é a famosa ponte do rio Kwai, que dá nome ao filme. Momento cultura inútil: a produção na verdade foi filmada no Sri Lanka, onde uma ponte foi construída só para o filme ao custo de 250 mil dólares. Momento cultura inútil parte 2: A Ponte do Rio que Cai, das Olimpíadas do Faustão, são um trocadilho com A Ponte do Rio Kwai rs.

Carinho em tigre dopado: uma vez pra nunca mais.
A Ponte do Rio Kwai, ícone da Segunda Guerra Mundial.

Chegamos em Bangkok já de noite. Só deu tempo de tirar uma foto no Golden Temple e ir conhecer a famosa Khao San Road, um dos principais cartões postais da Tailândia. E é lá que a turistada faz a festa: tem night, tem bar, tem camelô, tem pompoarismo, tem gafanhoto frito e tudo mais que você precisar. Como eu não precisava de mais nada, dei um rolezão pra conhecer, comi, tomei banho e dormi - afinal, em poucas horas o frenesi iria começar outra vez, só que na Indonésia...  

Tuk-Tuk: o triciclo motorizado faz muito sucesso no Sudeste da Ásia.
Se Beber, Não Case: diversão é o que não falta na Khao San Road.

Last But Not Least (ou PRESTA ATENÇÃO no bom português):
1) Em Bangkok a boa é circular de tuk tuk, esse carrinho gracinha da foto acima. Eles custam bem menos do que os táxis normais - que só valem a pena se o trajeto for longo ou se envolver malas.

2) Pelo que anotei, a guesthouse em Bangkok se chamava PS. Mas dei um Google aqui, e ou eles melhoraram bastante nesses últimos seis anos ou esse review que achei foi bem generoso: 
http://www.travelfish.org/accommodation_profile/thailand/bangkok_and_surrounds/bangkok/sukhumvit/all/389

3) Acredita que fiz essa trip sem seguro viagem? NUNCA faça isso, é muito arriscado. Pra completar a garotice, eu não levei um único remédio na mala, porque como na Indonésia o porte de drogas é condenado com pena de morte eu fiquei com medo de eles considerarem os meus remédios como drogas (e até provar que focinho de porco não é tomada...)

4) Eu não me lembro se comprei alguns baht na Austrália e levei pra Tailândia, devo ter comprado. Mas lembro que foi muito fácil encontrar ATM pela Tailândia (e como o meu banco lá da Austrália era super popular, dava pra sacar dinheiro quase sem custo nenhum). 

5) Conservadores, tremei: na Tailândia, a transsexualidade é extremamente comum e o país é líder em cirurgia de troca de sexo. Os chamados lady boys são respeitados e têm tantos direitos quanto qualquer homem ou qualquer mulher "de nascença", então pense duas vezes antes de dar uma de turista engraçadinho pra cima deles.   

6) O saldo da viagem foi positivo: muita história pra contar, quero voltar pra Bangkok, as ilhas são paradisíacas...Mas eu saí da Tailândia com o alerta vermelho ligado: as ilhas estavam mal cuidadas, os corais estavam sendo destruídos, o turismo crescia desenfreadamente. Espero que a minha amiga Diana volte de lá em Janeiro com boas notícias ;)