terça-feira, 14 de outubro de 2014

Roteiro da Semana - Bali

Uma semana depois do post da Tailândia, uma outra amiga minha me disse que quer ir pra Bali e me pediu pra escrever o roteiro - e Bali foi o meu destino imediatamente após a Tailândia! Eu expliquei pras duas que, como estive por aquelas bandas há mais de 6 anos, muita coisa pode ter mudado e que eu faria algumas coisas diferentes se eu fosse pra lá hoje em dia. De qualquer forma, toda dica é válida, então lá vou eu pro roteiro que fechou a minha Asia Trip com chave de ouro - e que também fazia parte dos meus "Destinos dos Sonhos".


Fragmentada: a Indonésia é o maior arquipélago do mundo, formada por mais de 17 mil ilhas.

COMO CHEGAR
Ctrl c+Ctrl v do que escrevi sobre a Tailândia: vou dever informações mais concretas sobre voos para a Indonésia, mas posso afirmar o seguinte: é BEM caro, provavelmente mais caro do que todos os outros custos somados (chutaria que custa uns R$5 mil ida e volta). E por se tratar de um destino incomum, com menos opções de voos, não vale a pena ser mesquinho: é muito mais seguro e cômodo fechar a passagem com uma agência de viagens (com direito a parcelamento) do que num site comparador de preços qualquer. Porque em caso de problemas como voo atrasado ou cancelado, é mais fácil recorrer a uma pessoa de carne e osso do que à internet (na minha humilde e ultrapassada opinião). Sendo assim, pesquise em pelo menos três agências de sua confiança e tente negociar os preços.

Obs: Pra quem já tá do outro lado do mundo, indico as low fare Air Asia (http://www.airasia.com/) e Jetstar (http://www.jetstar.com/) e também a Lion Air (http://www.lionair.co.id/), que é a companhia área "mais voada" pelos indonésios. Eu voei com a Jetstar de Bangkok para a capital Jacarta e não lembro se aproveitei alguma promoção, mas atualmente esse trecho custa cerca de USD 150 (R$340). E de Jakarta para Bali optei pela Lion Air, cuja passagem sai por cerca de USD 55 (R$150).   

É BOM FICAR LIGADO(A)
Costumo escrever as dicas gerais no final dos posts, mas vou inverter dessa vez pra chamar atenção a coisas que eu vivenciei e que podem causar problemas ou assustar.

1) Os indonésios são muito religiosos e o Islamismo predomina (é o país com mais muçulmanos no mundo). Então, tenha respeito, seja esperto(a) e não faça como eu, que não pesquisei essa questão religiosa e achei que em Jacarta a religião mais forte fosse o hinduísmo, assim como em Bali. Resultado: mesmo de calça jeans e jaqueta num calor excruciante pra não ser chamada de "menina da vida" (que nem aconteceu na Tailândia), tomei esporro de uma criança no aeroporto de Jacarta porque fui ao banheiro bem na hora de uma das "chamadas pra reza", em que todo mundo para tudo para orar em direção à Meca. O esporro foi em indonésio e eu só entendi porque a adulta que tava com ela me explicou em inglês. Aí lancei um "sorry, i'm catholic" (não valia a pena entrar no mérito de que eu não sigo nenhuma religião específica), voltei correndo pra área de embarque e me recolhi à minha ignorância religiosa. 

2) Muito, mas MUITO cuidado se você quiser consumir drogas na Indonésia (se possível, passe longe). Todo mundo que desembarca nos aeroportos dá de cara com um aviso gigante super receptivo: "Welcome to Indonesia! Death Penalty for Drug Traffickers". E é bem por aí mesmo: a pena para consumo de drogas no país é a prisão e para o tráfico é a pena de morte. Eu já sabia disso há anos, desde que vi o filme "Pela Vida de um Amigo" (que se passa na Malásia, mas as regras são as mesmas), e por isso mesmo eu preferi nem levar na mala o Red Bull turbinado da Tailândia - porque vai que confundem aquele troço com uma droga de verdade? Além disso, preste atenção aos vários locais que ficam oferecendo drogas pela rua: na maioria das vezes eles são agentes pagos para denunciar consumidores e portadores, então nem dê papo.

3) Os indonésios são traumatizados por causa dos atentados de 2002, que mataram 202 pessoas e feriram outras centenas em Bali, a maioria turistas. Então, não se assuste com a quantidade de revistas eletrônicas pelas quais você vai passar na maioria dos estabelecimentos comercias e pontos turísticos da ilha, é por precaução. 

Ilha de Bali: principal destino turístico da Indonésia e onde vivem a maioria dos hindus do país.

HOSPEDAGEM
A ilha de Bali, especialmente a região de Kuta, é muito bem estruturada para turistas, pro bem e pro mal. Se por um lado a comunicação (em inglês) flui bem, há hospedagem&comida&atrações para todos os gostos e bolsos e o exotismo&exuberância ainda se mantêm vivos na maior parte da ilha, por outro lado as "pegadinhas turísticas" estão por todo lado. Pegadinhas como: garotas de programa oferecendo as "Jiggy Jig massage" a cada esquina (não confundir com as massagens tradicionais, que são deliciosas e baratas), inúmeros camelôs vendendo todo tipo de produto falsificado e moradores locais oferecendo drogas pelas ruas. 

Fiquei hospedada em Kuta, no hotel Dua Dara (http://www.travbuddy.com/Dua-Dara-Inn-v438501), pois quando cheguei na ilha uns amigos já estavam hospedados lá então nem me dei ao trabalho de pesquisar outras opções. O hotel é bem simples e a maioria das suítes não tem ar condicionado (só ventilador), mas ele tem piscina, é super bem localizado e a diária pra duas pessoas custa cerca de 150.000 rúpias (USD 12, muito em conta). Mesmo assim, não me hospedaria lá de novo por dois motivos:

1) Achei Kuta "turística" demais, meio confusa, não é o que se espera de um lugar paradisíaco como Bali - mas pros solteiros vale a pena, porque a vida noturna é agitada. Além disso, em qualquer praia da ilha é possível se hospedar em hotéis muito melhores pagando só um pouco a mais, é só reservar com um mínimo de antecedência.

2) No meu segundo dia, tive uma crise de cistite absurda. Pra piorar, não levei remédio algum pra Bali (por causa da paranóia de confundirem com droga), então tive que esperar passar "sozinha" (o que significa beber litros e mais litros d'água e perder uma manhã inteira na privada fazendo xixi). Na hora achei que a crise tivesse sido um azar, até que fiquei sabendo que em Bali a água é suja e comecei a perceber como esse hotel é desleixado (leiam o primeiro review desse link que eu colei aqui no post e apavorem-se). Ou seja: acho que peguei essa infecção só de escovar os dentes com a água do hotel, ou por deixar a água encostar na minha boca na hora do banho, ou coisa assim.  

3) É muito fácil sacar e trocar dinheiro em Bali e diversos estabelecimentos aceitam cartão de crédito. Além da rúpia, os dólares australiano e americano são bem aceitos. 

Fim de tarde em Kuta: em 2008 (ano em que eu fui), o turismo bateu recorde em Bali.
Raro momento de calma na rua principal de Kuta (essa foto deve ter sido tirada às 7h de um domingo, só pode).

ATRAÇÕES BALINESAS
NATUREZA
A Indonésia é um país-arquipélago, com o terceiro maior litoral do mundo, então é natural que as praias sejam parada obrigatória. Eu conheci Kuta (turistada), Padang e Uluwatu (maravilhosas, isso é Bali!) e Lovina (areia pretinha). A melhor forma de conhecer não só as praias como a ilha toda é alugando um carro, mas quem não curte dirigir pode fechar passeios nas várias agências de turismo de lá, há diversas opções de pacotes. E em todos eles você observa de perto a "exuberância tropical" da Indonésia - que por sinal só perde em biodiversidade pro próprio Brasil. 


E agora que eu não lembro se essa foto é em Padang ou Uluwatu? Chuto Padang.
Lovina Beach, na região noroeste de Bali (mas podia ser em Araruama).

Outro aspecto muito característico de Bali é o surfe, pois a ilha tem ondas pra todos os gostos e atrai surfistas do mundo inteiro. Enquanto os iniciantes se aventuram em Kuta (dá pra alugar pranchas na praia), os "pros" se arriscam em Uluwatu, Padang e Dreamland e os mais fissurados dedicam grande parte da viagem (e da grana) pra conhecer outras ilhas do país como Mentawai e Lombok. 

Flagra do WCT em Uluwatu: em 2008 a etapa "surpresa" do circuito foi realizada em Bali bem quando eu fui.

TEMPLOS, ARROZAIS E VULCÕES
Comprei três pacotes de passeios que envolviam essas três atrações. Os preços variam entre USD 40 e USD 80, o que eu acho meio carinho - mas justamente o passeio de USD 80 foi uma das experiências mais incríveis da minha vida. Quem curte arquitetura, história e geografia não pode perder nenhum.

1) Pura Goa Gajah (Elephant Cave) / Pura Besakih (Mother Temple of Besakih) 
Pura significa "templo" em balinês e há cerca de 20 mil (!!!) pela ilha. O Pura Goa Gajah, mais conhecido como Elephant Cave, é do século IX e conta com um espaço de devoção à deusa Shiva. Além disso, no Goa Gajah tem uma piscina que foi construída com o propósito de rebater os maus espíritos - a água só não é lá muito convidativa.


Entrada para o altar da deusa Shiva (essa imagem talhada supostamente é de um elefante).
Alguns templos de Bali são muito simples, mas transbordam história e cultura.

O Pura Besakih é o maior e mais importante templo do hinduísmo em Bali. Acredita-se que ele é pré-histórico e sua arquitetura é uma atração à parte (por exemplo, os eixos principais são alinhados com o pico do monte Gunung Agung, o mais alto de Bali). Mas se por um lado a magnitude do lugar me impressionou, eu também fiquei surpresa de ver como ele é mal cuidado e achei um saco o assédio dos supostos guias que te cobram pra fazer um tour pelo templo (na verdade, eles meio que te obrigam).

Uma pequena parte do templo Besakih, que merecia mais carinho por parte das autoridades balinesas.

Obs: Esse passeio com direito a transporte de ida e volta e entrada para os dois templos deve ter custado uns USD 45, não lembro bem. No caminho, rolam uns pit stops para observar de perto alguns dos inúmeros arrozais tão característicos de Bali.

A terra bem irrigada e o solo com sedimentos vulcânicos tornam Bali perfeita para o plantio de arroz.

2) Nascer do sol no Gunung Batur (Mount Batur)
Esse foi o tal passeio de USD 80 que me marcou - e ainda bem que eu fiz aos 22 anos, porque velha e cansada com quase 30 eu não sei se encaro. Ele começou 1h da manhã, quando uma van me buscou no meu hotel e viajamos por cerca de duas horas até o pé do Mount Batur (que é um dos 150 vulcões ativos da Indonésia e considerado sagrado pelos hindus). Chegando lá, um guia te leva por cerca de duas horas montanha acima (1.717 metros pra ser precisa) e aqui já valem umas observações:

  • Vá de calça e leve um bom casaco, porque até o sol nascer o frio é cortante. Eu fui com um casaquinho mixuruca e tive que ficar escondida dentro de um abrigo até o sol nascer, por causa do vento.
  • Vá de tênis. Eu não tinha levado tênis pra Bali, então comprei um falsificado num camelô. Feio, né? Mas bem feito pra mim, porque o tênis se desfez e quase não durou até o final do passeio.
  • Se você tem pressão baixa como eu, leve sal, uma barra de cereal e/ou um biscoitinho, porque a trilha é íngreme e bem cansativa em alguns pontos. No meio da trilha a minha pressão caiu e o guia teve que me dar um sanduíche (que está incluído nos USD 80, mas era pra ter sido o meu café da manhã lá no topo e não recostada de qualquer jeito na montanha).
  • Prepare-se pra se deslumbrar: o Mount Batur fica num lugar tão remoto que o céu é extremamente "nítido", nunca vi tantas estrelas e tantas estrelas cadentes na minha vida (uma atrás da outra, lindo demais).
  • Quando o sol nasce, o deslumbre é outro: o cenário ao redor é único, típico de uma região vulcânica, e você pode ver fumaça saindo de dentro da terra. 

A cara do sono (e do frio) durante o nascer do sol no Mount Batur.
Lá embaixo, fumaça vulcânica saindo da terra.
O pico do vulcão (lá no alto) tem um formato diferente.

Como pra baixo todo santo ajuda, a volta é bem mais tranquila do que a subida, e a etapa seguinte do passeio é uma terma natural às margens do Lake Batur - a piscina de água quentinha é perfeita pra relaxar depois da trilha. Pra fechar o dia com chave de ouro, a van te leva pra um restaurante com uma super vista pro vulcão, com o almoço já incluso no valor do passeio (a comida é simples, mas gostosa).  

As termas ficam dentro de um clube na margem do lago Batur.
Melhor momento do dia 

3) Pura Ulun Danu Bratan (Temple on the Lake) / Gitgit Waterfall / Lovina Beach / Pura Tanah Lot (Temple on the Sea)

O passeio começa com uma visita ao Ulun Danu Bratan, que foi construído no lago Bratan, uma das áreas mais férteis de Bali e fundamental para a irrigação dos plantios da ilha. Por isso, é o templo de adoração da deusa Dewi Danu - a deusa balinesa das águas, dos lagos e dos rios.

O templo Ulun Danu Bratan é um grande jardim hindu.
A posição do templo faz jus ao apelido (Temple on the Lake).

No caminho para Lovina Beach, no meio da floresta, fica a cachoeira Gitgit, que eu achei mais bonita do que a praia de Lovina (o interessante dessa praia é a cor da areia, super preta por causa de fragmentos de lava). O passeio termina com o pôr do sol no Pura Tanah Lot, que é bonito e interessante - só dá pra acessá-lo na maré baixa, pois ele fica um pouco afastado da costa, no topo de uma pedra. Mas ao contrário do que se espera de um templo, esse é meio caótico, cheio de turistas e ambulantes. 

Gitgit Waterfall: parada obrigatória pra revigorar.
Lovina Beach e sua areia preta "vulcânica".
Por do sol no Tanah Lot: visual de cartão postal.

Obs: Esse passeio com direito a transporte de ida e volta, entrada para os dois templos e para a cachoeira deve ter custado uns USD 40, não lembro bem. 

4) Pura Luhur Uluwatu (Monkey Temple)
Conheci o Pura Luhur no dia que fui à praia em Uluwatu, mas a dica é ir num fim de tarde para aproveitar o pôr do sol e para ver os shows de "danças" locais. Como eu estava de carro, paguei apenas o ingresso (que deve ser barato, mas não lembro). Esse templo é interessante por vários motivos: fica num lugar lindo (num penhasco à beira do mar), é um dos mais antigos de Bali e é lar de dezenas de macacos que parecem gente - cuidado, porque eles pegam TUDO dos turistas, de comida a máquinas fotográficas (e não devolvem!). 

Visual incrível do topo do Pura Luhur.
Os macacos dominam o templo, justificando o apelido do lugar.

CULINÁRIA
Sou suspeita pra falar, porque eu sou tarada por comida asiática (temperos&especiarias&frutos do mar&leite de coco), mas a culinária de Bali é uma atração à parte: deliciosa, variada e com opções bem baratas. A minha paixão foi essa cesta de frutos do mar da foto abaixo, que eu comi pelo menos duas vezes e custava cerca de USD 8 num restaurante super simples. O carro-chefe da ilha naturalmente são os frutos do mar, mas come-se bem qualquer tipo de comida (mexicana, italiana, etc). E claro, tudo fica mais gostoso acompanhado de uma Bintang - a cerveja que de tão pop ganhou linha de roupa e tudo. 

Lagostim, siri, ostra, peixe, batata e salada: tudo por apenas USD 8.

COMPRAS
De novo sou suspeita pra falar, porque eu amo artesanato e amo prata e em qualquer esquina de Bali tem uma barraquinha ou lojinha vendendo as duas coisas (e outras zilhares de tranqueiras), então dá vontade de comprar tudo. Quem curte decoração também vai surtar com os móveis, tapeçaria e artigos decorativos típicos da ilha (mas aí já ia além do meu budget e do tamanho da minha mochila). Aliás, a galera consumista tem destinos certos em Kuta: o Discovery Shopping Mall (http://www.discoveryshoppingmall.com/pages.php?act=shop&ab=aa), com lojas como Nike, Billabong, Guess, Hurley, Polo, Puma, etc, e a rua principal de Kuta, com marcas como Versace, Dolce & Gabbana, etc. Não sei hoje em dia, mas quando eu fui os preços eram muito mais em conta do que no Brasil. 

VIDA NOTURNA
Eu só fiz noitada em Kuta e as que eu fiz foram MUITO animadas. Ajudou o fato de ser verão e, principalmente, estar rolando na ilha uma etapa do WCT (circuito mundial de surfe), então as boites e os pubs ficavam cheios de gente do mundo todo. Quando eu fui, as mais famosas eram a Bounty (
http://bountydiscotheque.com/) e a Paddy's (https://www.facebook.com/paddysclub.kutabali), que mudou de lugar depois que um dos homens-bomba de 2002 "se explodiu" dentro dela - e que apesar da tragédia, continua sendo referência de diversão em Bali. E o melhor: as duas eram de graça, então dava pra entrar e sair a hora que quisesse. 

Gente do mundo todo, bebida barata e música pop são a receita do sucesso das nights em Kuta.