Quando as máquinas eram analógicas, eu aguardava ansiosa o filme acabar, pra poder levar pra revelação e ver as fotos pela primeira vez - na maioria das vezes a quantidade de fotos boas era menor do que a de fotos esquisitas, mas até isso era divertido. Quando a era digital chegou, a ansiedade diminuiu graças ao visor, já que agora podemos ver a imagem na hora e repetir uma mesma foto à exaustão, até chegarmos ao "clique perfeito" - ainda assim, eu fazia questão de selecionar as melhores fotos e levar pra revelação. Isso até o final de 2011.
Máquina analógica em Cabo Frio, digital na Austrália, iPhone em Angra e Go Pro na Croácia. |
Outro dia me peguei pensando no por que de eu ter me desapaixonado por fotografia. Então, fui olhar a minha (enorme) gaveta de fotos e vi que não revelo uma desde 2011, mais de três anos - um recorde pra quem mal esperava o rolo de filme acabar e já ia revelar. Uns dias depois, esperando pra ser atendida na depilação rs, resolvi fuxicar o meu próprio Facebook e Instagram e percebi que o frenesi de fotos, marcações e curtidas começou a se intensificar no meio de 2012. Última foto revelada: final de 2011 / Facebook e Instagram bombando: 2012.
Essa proximidade de datas tinha que ter uma ligação, então fui pesquisar no Google. Foi aí que vi que o Instagram foi liberado para Android (sistema operacional mais popular) e vendido para o Facebook em Abril de 2012, ou seja: nunca foi tão fácil tirar, publicar, compartilhar e curtir zilhares de fotos pra zilhares de pessoas. É tanta foto "igual" que cansa, pra quem vê, pra quem posa e pra quem tira.
Euzinha em NY: não curto selfies, mas essa trip que eu fiz sozinha me obrigou a tirar vários |
Resumo da ópera: eu enchi o saco de tirar foto e, principalmente, de sair em foto. Se antes as fotos eram quase sagradas, porque registravam um momento único e especial, hoje em dia elas parecem servir pra autopromoção em vez de recordação. Acho bem chato quando viajo com uma galera e tem sempre alguém querendo parar pra tirar foto de determinada paisagem, monumento, etc e todas as outras pessoas acham uma boa ideia tirar a mesma foto - quando chega a minha vez, já to achando tudo tão sem graça que eu saio na foto com a maior cara de bunda. Pior do que isso, é aquela história de "deixa eu ver como a foto ficou", e se não ficou boa (o que é super subjetivo), o "fotógrafo" é obrigado a tirar outra(s). Isso explica bastante o por que de eu não ter tantas fotos hoje em dia.
Doze anos depois: em julho de 2013 reproduzi a mesma foto que tirei em julho de 2001 |
E você, conseguiria viajar sem tirar uma fotinho sequer?
Oioi and, sera que vou ser a primeira a comentar? rs
ResponderExcluiradorei esse seu post "do analógico ao smartphone"! Assino embaixo de quase tudo que você expôs aqui, fora o fato de deixar de tirar fotos, nao repeti-las e etc.. Isso é quase que automático no meu caso rs gosto de ter os registros, independente de se vou publicar ou nao.
Mas realmente, essa parte das pessoas utilizarem a fotografia hoje em dia como forma de autopromoção é uma coisa impressionante!!!! Canso de ver pessoas que só postam foto de paisagem pra ganhar algumas curtidas a mais, e pagar de zen, e muitas vezes sao as mais fúteis e sem conteúdo que vemos por ai! Alias, em geral as pessoas que realmente dão valor pra essas coisas muitas vezes nao estao nem nas redes sociais...
Enfim, se pudéssemos ter um "retrocesso" nesse aspecto acho que seria de grande importância... as pessoas estao vivendo cada vez mais para os outros, e cada vez menos para elas mesmas... leia isso de forma negativa, pq a primeira vista pode parecer algo bom..
Adorei! Poste mais, sempre que puder!
Beijos cintia
É essa autopromoção é um pouco cansativa mesmo, Cin! Se as pessoas são felizes fazendo isso, então tá ótimo, mas vale dar uma reavaliada no real motivo dessa exposição toda, né...
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